Do it yourself

Já era agosto (de 2014) e a saudade da praia começou a apertar. Arrumamos as malas e pegamos a estrada com destino a Torres. Antes, o Lucas pesquisou hotéis e pousadas na internet e, também por não ser verão, optamos por um hotel que fica mais na área central, com sala de jogos e uma máquina “mara”, uma espécie de bebedouro que mantém a água sempre quentinha para o chimarrão. Na saída do quarto era só passar na ala do café e “reabastecer” a garrafa térmica.

Sábado pela manhã fomos até a beira da praia do Centro e sentamos nas pedras para tomar chimarrão, observar o pessoal decolando do morro do farol e tirar fotos. Nesta época do ano, passar um tempinho “lagarteando” em frente ao mar recarrega todas as energias! As pedras, a praia, o mar, são cenários lindos em Torres. Também os pássaros nos distraem, mas fazer o foco neles e desfocar o fundo com as lentes (entre elas a 50mm) é sempre um desafio.

Jpeg

No fim da tarde fomos até a Praia da Guarita, para onde voltamos na manhã de domingo.  Ainda no sábado tentamos “imitar” umas fotos que vi no blog de uma fotógrafa profissional e que foram tiradas no mesmo lugar. Fiz algumas cadeiras de fotografia na faculdade e o Lucas lê bastante sobre o uso das nossas lentes. Com a ajuda do tripé, que herdei do vô Hugo, conseguimos “brincar” de fotógrafos e modelos de nossas próprias imagens e, depois, escolher nossas favoritas.

Nesse contexto, a evolução da tecnologia e das câmeras digitais, além de softwares que fazem uma infinidade de ajustes, somados ainda ao famoso bastão ou pau de selfie que ganhou muitos adeptos no verão de 2015, são facilidades para que qualquer pessoa consiga “capturar” lindas composições. No entanto, fotógrafos profissionais podem garantir a excelência do registro e, sempre que possível, devem ser acionados, ainda mais em casos especiais. Escrevo isso por que, na manhã de domingo, presenciamos um “ensaio caseiro” de save the date de um jovem casal. Eu não queria ficar cuidando da vida alheia – o Lucas me chamou a atenção por várias vezes, mas… Não foi por mal! Eu nos via naquele casal (mas sem os estresses, hehe).

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No alto do morro, a fotógrafa que certamente era parente ou amiga do casal. Na areia, uma outra menina segurando um rebatedor e os noivos tentando posicionar-se. A comunicação entre eles era feita por gritos e gestos!! O casal tentou escrever a data do casamento na areia, mas vinha a onda do mar e apagava… Em cinco minutos passados estavam todos quase sem paciência e eu querendo muito me oferecendo para ajudar. Não que fosse resolver qualquer coisa, mas… Pelo menos poderia dizer que nessas horas existem duas opções: contratar um profissional e aproveitar o dia de modelo ou pedir para alguém fazer as fotos (de graça ou por um preço simbólico) e divertir-se com os percalços, pois eles ficarão como histórias para contar depois. Por enquanto é isso que estamos fazendo, preparando o tripé e correndo, mesmo que pelo caminho haja algum obstáculo, provoque algum tombo um escorregão, pois o que queremos são boas e “ativas” recordações ao bom e novo modo “do it yourself”.

 

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Sem plateia

Depois de fazermos as primeiras fotos em Garopaba, fomos até a vizinha Praia do Silveira (que muitos chamam de Praia da Silveira, mas, enfim). Uma das preferidas dos surfistas, ela costuma receber menor movimentação de pessoas do que a maioria das praias de Santa Catarina, ao menos na areia para o banho de sol e especialmente nos períodos de baixa temporada. Já na água, suas ondas são sempre muito disputadas.

DSC 0181 - Recorte, Níveis, Balanço

Dessa forma, conseguimos deixar a vergonha um pouco mais de lado, visto que não tínhamos  ninguém “na plateia”, diferentemente do que ocorreu em Garopaba, onde um senhor que estava passando pela praia questionou o Lucas se estávamos fazendo imagens para algum tipo de documentário.  Tudo porque o tripé desperta a curiosidade das pessoas e acaba contribuindo para que façamos novas amizades.

Para nos sentirmos mais encorajados, pensávamos “azar, aqui ninguém nos conhece”, mas claro que o receio de parecermos um casal esquisito ou de sermos apontados na rua causava um certo desconforto. No entanto, a ideia é tentar esquecer as pessoas de volta, imaginar que aquele é o seu mundinho, apertar o botão e, literalmente, correr para o abraço. Até porque, na “era do selfie”, não há ato mais comum do que alguém focando em si as lentes – seja do telefone celular, de tablets ou ” até” de câmeras fotográficas –  e nas situações mais inusitadas.

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Start

Antes de pegarmos a estrada rumo a Santa Catarina, fizemos um tour por sites de fotógrafos profissionais buscando inspiração para nossas primeiras fotos utilizando o tripé. Observamos vários trabalhos de books externos de casais, focando nossa atenção principalmente às paisagens, enquadramento de imagem e poses dos fotografados. Isso porque, ao mesmo tempo em que somos fotógrafos, somos também nossos próprios “modelos”. E acreditamos que isso tem funcionado, pois muitas pessoas já comentaram: “Que legal aquela foto, quem tirou para vocês?” Dá um fundinho de orgulho dizer: “Nós, com a ajuda de um tripé!”

Garopaba - Praia 1

O que fica de fora da explicação é toda a preparação que temos antes do resultado… Enquanto um de nós fica parado fazendo a “figuração”, o outro faz o enquadramento da imagem, vê a luz, a velocidade do obturador, prepara o disparo automático de 10 segundos (tempo máximo que temos com o recurso da câmera) e… Corre!! Numa dessas, eu deixei a perna num banco de concreto. Ficou um roxo que nos acompanhou por todas as fotos de Santa Catarina, no mês de setembro de 2013…

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Mari+Lucas

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“Garopaba (ou toda e qualquer praia), fotografia e o Lucas. Três paixões que, combinadas, trouxeram todos os tons de colorido para a minha vida em 2013. Um lugar, um hobby, um amor. Misturados, servimos de modelos, de observadores, de composição.

Acredito que o gosto pela “captura da imagem” – tanto na fotografia como na produção e edição de vídeos – e pelo jornalismo, de uma forma geral, são heranças deixadas por um de meus bisavôs maternos, o Hugo Pedro Alfredo Halmel. Foi dele também que herdei um tripé, guardado com carinho até pouco tempo pelo meu tio avô Hugo Roberto Halmel (tio Huguinho), que me brindou com este presente tão especial.

Sem hesitar, nas nossas primeiras férias juntos, em quatro meses de namoro, o Lucas e eu partimos rumo a Santa Catarina levando na bagagem muitas roupas extras, para servir de figurino, nossas câmeras fotográficas e o tripé. Além dos equipamentos, muita disposição e divertimento nos acompanharam em dez dias de vivências e experiências.

A cada nova “cena”, chamávamos a atenção das pessoas pela montagem do tripé e disposição da câmera. Por vezes, até eu ficava com vergonha. Mas ver que o Lucas estava ali, parceiro como sempre, me deixava feliz e confiante.

Retornamos ao Rio Grande do Sul e aos nossos trabalhos com uma imensa saudade desta nossa primeira “aventura fotográfica”. Porém, cheios de boas recordações, documentadas em arquivos de jpeg, e prontos para nosso próximo destino. Longe ou perto, por um, dez ou mais dias, sempre em busca do melhor registro da felicidade.”

Mariana Halmel dos Santos