Duas horas = dez minutos

Enquanto chovia torrencialmente no Rio Grande do Sul, fomos presenteados com uma sequência mágica de dias ensolarados e noites estreladas na Guarda do Embaú. Acordávamos cedinho, tomávamos café da manhã e seguíamos para a beira da praia. Numa das manhãs em que parecia que o tempo ficaria nublado, nos preparamos para cumprir a travessia das trilhas que levam da Guarda à Pinheira pelas pedras e morros da beira da praia. “É umas duas horas de caminhada e depois dá para voltar de ônibus”, nos indicou a Laura, esposa do meu sogro.

Todos os dias víamos muitas pessoas naqueles morros e parecia tudo tão simples, já que uma praia fica ao lado da outra, em tese. Assim, pegamos o início da trilha de chinelos, com uma (única!) garrafinha de água e protetor solar, como se fôssemos “ali na esquina”, esquecendo de assimilar a previsão de duas horas de trajeto. Na verdade, deveríamos ter saído de tênis, com muitas garrafinhas de água, protetor solar, frutas e/ou qualquer coisa para comer durante o trajeto. Passando o primeiro morro de trilha não há mais “civilização”, não há barraquinhas para comprar nada, nem uma viva alma passando ao teu lado, até o movimento acaba. Cabe adiantar que o dia não ficou nublado; o sol rachava. Onze horas marcava o relógio quando partimos.

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Bem no início da caminhada estávamos empolgados, tirando fotos, observando as paisagens, molhando os pés nas piscinas que se formam nas pedras e repondo o protetor solar. Além de outras poucas pessoas, também encontramos pelo caminho alguns bois e lagartos. Depois, subimos e descemos morros, passamos por praias desertas e até por terrenos cercados – acredito que as cercas eram para impedir a livre circulação dos bois, já que elas tinham uma pequena abertura como se fosse um portão.

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As trilhas sumiam e reapareciam e, lá pelas tantas, a sede, a fome e o cansaço chegaram todos juntos e começamos a pensar em voltar. Era por volta do meio-dia, lembra? Verão. Sol. Pés suados escorregando nos chinelos e as tiras (aquelas que não arrebentam, sabe?) escapando a todo momento.  A cada morro que cruzávamos, aparecia outro, nos separando ainda mais da Praia da Pinheira. Mas logo em frente, avistamos barracas e algumas pessoas. Era a Colônia Hippie. Um pouco mais adiante, um bar que mais parecia uma miragem. Mas não (yupi!), era mesmo um bar, um bar de verdade, que serve lanches e bebidas! Era o bar dos hippies. Fomos até lá, comemos pastéis e recarregamos a água! Depois, passamos mais uma prainha e descansamos numa sombra que tinha vista para o mesmo bar. Dali até a Pinheira era muito menos do que tudo o que já tínhamos andado.

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Seguimos a caminhada, subindo e descendo mais alguns morros e, depois da alegria de encontrar o bar, só mesmo a alegria de ver os telhadinhos das casas e a água do mar da Praia de Cima da Pinheira. Tomamos um banho de água salgada para coroar a expedição e seguimos para o centrinho, onde fizemos mais uma parada para um lanche e pegamos informações sobre a parada de ônibus, que ficava bem pertinho. Esperamos na calçada até o primeiro coletivo passar, embarcamos e… Dez, sim, isso mesmo, uns dez minutinhos depois de entrar no ônibus já estávamos na Guarda.

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O fim da linha foi em frente ao mercado (Santos) e dali voltamos para a pousada para curtir um bom descanso na rede.  No outro dia, quando voltamos a pegar o carro para fazer outro passeio, vimos que da nossa pousada até a Pinheira, pelo caminho contrário ao que nos faz chegar ao Centro da Guarda, era ainda mais pertinho e bem fácil de fazer a pé. Mesmo assim, a experiência de viver uma aventura, sair da rotina, “desbravar” caminhos e fugir do comum renova muitos dos nossos conceitos e registra na lembrança mais uma história para contar, lembrar e reviver.

Mapa Da Trilha 3 Traçado

Ao todo, cumprimos a trilha em mais ou menos três horas, sem contar os intervalos para almoço, descanso, lanche e espera pelo ônibus. Traçando o trajeto pelo Google Maps em linha plana (sem levar em conta os aclives e declives dos morros) somam-se quase quatro quilômetros de percurso.

Pesquisando em sites de um pessoal que mapeia suas trilhas, o Lucas encontrou descrições que levam em conta subidas e descidas de 40 a 50 metros cada e níveis de altura que vão do zero a até mais de 100 metros acima do nível do mar (medido da Pedra do Urubu – um mirante natural que não chegamos a ir dessa vez). A média de percurso mapeada por eles foi de 5,6 quilômetros, não ficando muito longe do calculado pelo Lucas no Google, mesmo.

 

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Eco Guarda

Além do preço, levamos em conta nossa curiosidade e “encantamento à  primeira vista” e definimos que, na praia da Guarda do Embaú, ficaríamos na Pousada Container Eco Guarda. Entre os benefícios, possuir ar condicionado e ser toda novinha, visto que foi inaugurada em dezembro de 2014, sem contar que a pousada também fica a em torno de 800 metros do Centro e da praia, uma distância que consideramos boa.  Assim, marcamos nossas diárias para o período de 5 a 12 de janeiro de 2015 e esperamos ansiosos pelo primeiro dia chegar.

Como a data de início das férias era logo após a virada do ano e, numa segunda-feira, pensamos que não pegaríamos muito movimento na estrada, a não ser o do fluxo oposto, já que os turistas estariam voltando do Reveillon de Santa Catarina para suas cidades. Santa ingenuidade… Com a ponte Anita Garibaldi de Laguna (SC) ainda em obras, o trânsito era caótico em ambos os lados, em qualquer dia e horário. Ficamos parados por muito tempo, levamos três horas para passar apenas daquele trecho. Uma viagem bastante agoniante.

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Chegando na Guarda, fomos procurar nossa pousada. As ruas da praia são extremamente estreitas e, além dos veículos, os pedestres também disputam o espaço das vias de chão batido. A rua do Centrinho tem sentido único e ficamos um pouco perdidos neste início. Mas foi só chegar ao endereço da pousada, estacionar o carro, que tudo ficou em paz.

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Deixamos a rotina para trás, “plantamos” o carro na vaga de estacionamento, colocamos nossos chinelos e fomos explorar. Ah, já me distraí… A pousada, muito legal, bem dentro das nossas expectativas e não sentimos nada de calor no quarto (quando estávamos ali na área, ouvíamos os comentários das pessoas que passavam e diziam “mas deve ser muito quente lá dentro”). O ar condicionado funcionava perfeitamente e o Lucas ainda comentou sobre o isolamento térmico dos containers, que ajuda a deixar o clima mais fresquinho lá dentro.

Agora, sim, pé na estrada. Íamos e voltávamos a pé do Centrinho, cruzando por várias das pousadas que vimos na internet. Todas pareciam muito legais, algumas bem rústicas, lindas, mas a “nossa” era “a nossa”!  Logo em frente já estava o mercado (Santos), o comércio – com suas lojas de roupas e artesanato, os hippies e os demais artistas que reuniam-se no fim da rua, antes da praia, para fazer shows à tardinha. Um clima nota dez que nem sei definir, só estando lá, mesmo, para sentir a paz da Guarda!

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Um dia para celebrar

O primeiro beijo foi ao amanhecer do dia 1º maio de 2013. Dali até a “formalização” do namoro passaram-se poucos dias. Para mim, nossa história é incrível e daria uma excelente comédia romântica, destas de emocionar do início ao fim, de ir do choro ao riso… Mas sou suspeita demais para falar!!Para encurtar os caminhos, no dia 10 de maio de 2014 completamos um ano de namoro e fomos passar o fim de semana na praia de Imbé, na casa dos avós do Lucas. No próprio dia 10, que caiu num sábado, fomos almoçar no restaurante À Lenha Trattoria, que fica ao lado do mirante do Morro da Borússia, em Osório. Eu já tinha ido lá uma vez, com meus pais e a Cacau, mas o dia estava completamente nublado e não pudemos apreciar a vista para o litoral. É realmente lindo. No passeio com o Lucas tivemos mais sorte, pois o dia estava ensolarado e com poucas nuvens. Já o ventinho característico de Osório está sempre presente!

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Almoçamos e fomos conferir o mirante construído pela Prefeitura de Osório. Posicionamos o tripé, ligamos a máquina fotográfica e… Não, não ligou! “O Chaves” aqui esqueceu a bateria que deixou carregando a noite toda em Imbé… Sério, na primeira vez em que estivemos na praia juntos faltou o cartão, nas férias de Torres, esqueci o tripé e, agora, numa data tão especial, ficamos sem poder usar a máquina (a Nikon D-3100) para fazer nossas fotos… Ainda bem que os celulares de hoje são equipados com câmeras boas, mas para nós, não é a mesma coisa… Para descontrair, fizemos uma foto do “passeio do tripé” sozinho no deck.

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Do mirante é possível ver mais de 30 pontos diferentes, entre lagoas, praias e o Parque Eólico, facilmente identificados por um mapa numerado. Subindo um pouco mais pela estrada geral, chegamos à pista de voo livre, cuja vista também é super legal. Continuando o passeio, seguindo sem rumo pré-definido, chegamos até a Paróquia de Santa Rita de Cássia, uma charmosa construção em pedra e, dali, seguimos pelo asfalto até virar uma estradinha de chão batido. Encontramos um sítio de lazer onde é possível fazer piquenique, churrasco,  trilhas e conhecer a Cascata da Borússia. Lá fomos recepcionados por um gato cinza lindo, que ganhou até um colo do Lucas. Foi um dos passeios mais legais que já fizemos, tanto pelas paisagens e lugares diferentes que “desbravamos”, quanto pelo contexto do dia especial que estávamos vivendo.

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O lugar somos nós quem fazemos

Nossa primeira reação foi rir, rir muito. Sentamos na cama rindo e ligamos o ventilador, que ao virar para os lados batia na antena da tv e fazia um barulho muito semelhante a um cortador de grama. Aliás, naquela primeira noite sonhei que alguém estava cortando grama ao meu lado. Num segundo momento o Lucas cogitou procurarmos outro lugar para ficar.

Escolhemos pela internet, depois de muito pesquisar preços e olhar fotos, uma pousada em Passo de Torres, Santa Catarina. Nosso destino eleito para as férias de janeiro de 2014 foi Torres, no Rio Grande do Sul. No entanto, ali ao lado, passando a ponte do Rio Mampituba, na bela Santa Catarina, os preços de temporada estavam bem mais acessíveis do que no lado gaúcho.

Nas fotos vimos que a pousada era simples e bem legal, e depois, o que nos levou a ficar mesmo, foi o fato de que ela serviria apenas como um lugar para dormir, já que queríamos aproveitar a praia, passear bastante e fazer muitas fotos. O único e grande problema foi que não chegamos a imaginar que os demais quartos da pousada, fora o nosso, pudessem estar locados por várias pessoas de uma mesma família, que já havia “tomado conta” das áreas comuns “do pedaço”, como cozinha, estacionamento e área de serviço.

O quarto também era bem pequeno, mas vimos que tinha uma outra porta, a qual o Lucas logo tratou de abrir enquanto me ocupei torcendo: “tomara que seja um banheiro, tomara que seja um banheiro!!!”. E era. Depois do primeiro impacto da chegada, saímos e começamos a aproveitar. Ah, na hora de descarregar as coisas do carro senti falta de uma coisa: o tripé não veio, pela segunda vez. Já tinha esquecido dele na ida para a Maragata, mas depois passei a deixá-lo sempre no meu carro. Só que para Torres, fomos com o carro do Lucas. Até agora, já esqueci o cartão sd e o tripé. Bom, não deixamos de fazer fotos, um do outro, de paisagens, e também improvisamos lugares de apoio para podermos tirar algumas fotos juntos.
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Viramos fãs de Torres, tanto da parte do Centro (Praia Grande) quanto das outras pequenas praias que se formam nas divisas entre os morros, como a Praia da Cal e a Praia da Guarita. A paisagem também ganha um colorido a mais com os parapentes que tomam conta do céu. Sem dúvida, Torres está na nossa lista de destinos preferidos no Estado.

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Sem cartão não funciona

Antes das férias de setembro de 2013, em que fomos para Santa Catarina, passamos um final de semana em Imbé, no Litoral Norte, aonde os avós do Lucas têm casa. Apesar do dia cinzento de inverno, a paisagem da beira da praia tomou emprestado o colorido das “asas” de kitesurfe, esporte muito praticado entre as praias de Imbé e Tramandaí, litoral norte do Rio Grande do Sul.

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Estacionamos o carro na Beira Mar, peguei a malinha da câmera (temos uma Nikon D3100), me preparei toda para fazer a primeira foto quando… A máquina acusou que estava sem cartão de memória. Olhei para o Lucas e não sabia o que fazer, senti aquela mistura de decepção e de “não acredito que eu fiz isso”. Mas sim, esquecimentos acontecem nas melhores famílias e até mesmo com as pessoas mais organizadas (mesmo não sendo muito o meu caso… hehe).

Para a minha sorte, nem sempre tudo está perdido. Como saída para o problema, o Lucas lembrou do camelódromo de Tramandaí, que fica bem próximo, logo depois da ponte. Fomos até lá e compramos um cartão SD que agora usamos como reserva. Para pessoas que não costumam apagar todas as fotos do cartão de memória (não consigo desapegar, às vezes), é uma boa. Além disso, como os fatos sempre podem acontecer duas ou mais vezes, mesmo que eu esqueça um SD no computador, teremos outro na bolsinha da máquina.

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